24 setembro 2022

faço ou não faço

 

Quando alguém me pede para fazer algo,
costuma surgir em mim o pensamento: “devo ou não devo fazer?”.

Esse dilema toma boa parte da minha mente.

Mas “auscultar o outro” não tem nada a ver com decidir se devo agir ou não.

Enquanto eu estiver preocupado em me proteger, meu interesse não se voltará verdadeiramente para o outro.

Auscultar é voltar-se para o sujeito autônomo que há no outro.
Fazer - ou não fazer - diz respeito ao meu próprio desejo, à minha autonomia.

O que é de dentro de mim, e o que é de dentro do outro - na vida cotidiana, essas fronteiras se confundem.

Frequentemente agimos como se disséssemos: “vou fazer porque o outro pediu”,

Sem perceber que essa voz, na verdade, é uma ilusão de exterioridade.

No fundo, é a minha própria mente dizendo: “ela disse isso”.

tem uma pessoa assim


se eu ouço da pessoa: "quero tomar cerveja"

eu: "ela, quer tomar cerveja"

evolui para: "ela é uma pessoa que quer tomar cerveja"

a partir desse ponto, começo rodar os pensamentos: o que faço, como faço.


o que chega são: luz e som

o resto é tudo dentro da cabeça

teoricamente é isso, muito simples

sem autoconsciência, tomo como "é assim",  

que "existe uma pessoa assim"

se a pessoa é assim, por isso eu fiz assim

sem autonomia, sem o sujeito

o que existe antes das palavras?

a face interna?

que necessidade?

qual desejo?

o coração?

pode ser algo com o qual o ser humano tem originalmente equipado

de alguma forma, saber lá quando, esqueceu?