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古池や
蛙飛び込む
みずの音
芭蕉
o velho lago
o salto da rã
o som da água
- bashô
(tradução literal)
" a rã, de fato saltou na agua?" Kai Hasegawa é um haikaista (poeta de haikai), diz que
há 300 anos, este que é o clássico dos clássicos, o mais famoso haikai do bashô, vem sendo interpretado erroneamente. E se não erroneamente, pelo menos mal compreendido. Diz o autor que a rã não pulou no lago, mas ao ouvir o som do sapo pular na água, o poeta Bashô imaginou, criou uma imagem do velho lago. Isto é, o som da agua é real, mas o velho lago não seria um lago que tenha existência real em algum lugar, mas um velho lago imaginário que surgiu na mente do Bashô. E que faz mudar a interpretação, é a presença da letra や "ya" que faz o corte na frase. Diz ele que se a rã tivesse de fato pulado, a construção do poema seria de outra forma.
ok, eu que sei um pouco da língua japonesa
fiz a minha traduçãozinha poética
temperado com a minha maneira própria de ver e pensar
ouvindo o som da água
é o velho lago
onde pulam os sapos
o círculo n'água
algas esverdeadas
mas... onde mesmo?
aqui e agora
dentro de mim
| alam Japan, Suzuka, 2010 |
procurei na net, algumas traduções, inclusive de alguns feras da poesia concreta como Haroldo de Campos, Paulo Leminsk, e outros não menos famosos como Millôr Fernandes e Caetano Veloso.
velho lago
mergulha a rã
fragor d'água
| Alberto Marsicano Haikai,1988 |
Velho tanque abandonado ao silêncio...
lança-se a rã num mergulho:
quase inaudível som da água.
| Antônio Nojiri Poesia japonesa, 2005 |
A Rã
Coro de cor, sombra de som de cor, de mal me quer
De mal me quer, de bem, de bem me diz
De me dizendo assim: serei feliz
Serei feliz de flor, de flor em flor
De samba em samba em som, de vai e vem
De verde, verde ver pé de capim
Bico de pena, pio de bem-te-vi
Amanhecendo sim perto de mim
Perto da claridade da manhã
A grama, a lama, tudo é minha irmã
A rama, o sapo, o salto de uma rã
| Caetano Veloso e João Donato |
silencioso lago
o sapo salta
tchá
| Carlos Verçosa, tradutor de Octavio Paz Oku: viajando com Bashô,1996 |
No velho tanque
Uma rã salta-mergulha
Ruído na água.
| Casimiro de Brito Uma rã que salta: homenagem a Bashô, 1995 |
Velho tanque.
Uma rã mergulha.
Barulho da água.
| Cecília Meirelles Escolha o seu sonho, 1974 |
Embaixo do tanque
Não encontro o que procuro

Uma rã me assusta.
| Clóvis Moreira dos Santos Haicais - 1a Antologia 2001, 2001 |
Rã
No lago, mergulha
uma rã... Na água, a manhã
verde-azul borbulha...
| Cyro Armando Catta Preta Moenda dos Olhos, 1986 |
Perereca
Elástica... pula...
Risco acrobático, arisco.
A poça se ondula...
| Cyro Armando Catta Preta Palhas do Tempo, 1993 |
VELHA
LAGOA
UMA RÃ
MERG ULHA
UMA RÃ
ÁGUÁGUA
| Décio Pignatari citado em Matsuo Bashô, de Paulo Leminski, 1987 |
Superfície verde.
A rã mergulha quebrando
a tranqüilidade.
| Eduardo Martins Poemas japoneses, 1950 |
chuá, chuá
coach, coach
tchibum!
| Estrela Ruiz Leminski Cupido: cuspido, escarrado, 2004 |
Uma rã saltando
blum
o rio tambémpula alforriado
| Fernando Sérgio Lyra Planos de Gaivota, 1996 |
Ah! o antigo açude!
E quando uma rã mergulha,
o marulho da água.
| Guilherme de Almeida Acaso: versos de todo tempo, 1938 |
No velho poço
plop e some, tão fria
a rã de Bashô
| Gustavo Alberto Corrêa Pinto Gotas de Orvalho, 1990 |
| o velho tanque | ||||
| rã salt' | ||||
| tomba | ||||
| rumor de água |
| Haroldo de Campos A arte no horizonte do provável, 1969 |
camões revisto por bashô
| as rãs | ||||||||
| daqui e dali | s | l | a | d | ||||
| a | t | n | o | |||||
| o charco soa | | |||||||
| Haroldo de Campos Crisantempo: no espaço curvo nasce um, 1998 |
o salto da rã
sobre a folhagem
contorce o verso
| Jaime Vieira Hai-kais ao sol (antologia), 1995 |
Verde
Na lâmina azinhavrada
desta água estagnada,
entre painéis de musgo
e cortinas de avenca,
bolhas espumejam
como opalas ocas
num veio de turmalina:
é uma rã bailarina,
que ao se ver feia, toda ruguenta,
pulou, raivosa, quebrando o espelho,
e foi direta ao fundo,
reenfeitar, com mimo,
suas roupas de limo...
| João Guimarães Rosa Magma, 1997 |
Quebrando o silêncio
de charco antigo, a rã salta
na água, ressoar fundo.
| Jorge de Sena Poesias de 26 séculos, v.2, 1960 |
O velho tanque
uma rã mergulha
dentro de si.
| Jorge de Souza Braga O gosto solitário do orvalho, 1986 |
o tanque estanque
mergulho de rã: t
SHI
bun !
circunfluindo ..| Josely Viana Batista jornal Gazeta do Povo, Curitiba, s/d |
Na beira do charco,
coaxa o sapo-ferreiro
e acorda o silêncio.
| Leda Mendes Jorge Haicais, 1999 |
Na antiga lagoa
pro fundo uma rã mergulha.
Barulho das águas.
| Lena Jesus Ponte Na trança do tempo, 2000 |
Salta a rã no lago
((((( o tremor da água se espalha )))))
mergulha em galáxias.
((((( o tremor da água se espalha )))))
mergulha em galáxias.
| Lena Jesus Ponte Na trança do tempo, 2000 |
Ao pular de um sapo,
as águas do velho lago
se abriram sonoras...
| Luís Antônio Pimentel Tankas e haikais, 1953 |
Um velho lago parado... cerrado... calado...
de águas turvas e tranqüilas,
realizava, no deslumbramento da noite clara,
seu sonho antigo de ser espelho...
Seu fundo lodoso e sombrio
refletia, cheio de orgulho,
um cortejo relumbrante de estrelas,
quando um sapo, asqueroso e profano,
saltou sobre ele,
arrancando de suas águas
um arrepio de pavor
e um gemido estrangulado de agonia...
| Luís Antônio Pimentel Tankas e haikais, 1953 |
Água resmungona...
No tanque limoso
o pulo da rã.
| Luiz Bacellar Satori, 1999 |
| O pulo |
| Estrela foi se arrastando no chão deu no sapo sapo ficou teso de flor! e pulou o silêncio |
| Manoel de Barros Arranjos para Assobio, 1982 |
As pererecas
pulam no lago verde
A água suspira
| Maria Apparecida Arruda Hai-kais ao sol (antologia), 1995 |
Sobre o tanque morto
Um ruído de rã
Que mergulha.
| Maria Ramos, tradutora de Osvaldo Svanascini Três mestres do haikai: Bashô, Buson, Issa,1974 |
Nem grilo, grito, ou galope;
No silêncio imenso
Só uma rã mergulha
plóóp! | Millôr Fernandes Hai-kais, 1986 |
águas paradas
mal pula a rã se inundam
de ondas sonoras
| Nelson Ascher Folha de S.Paulo, 19/01/2004 |
Na grama da praça,
a rã salta, salta e assusta
a moça que passa.
| Nilton Manoel Poesia Mágica (Haicais), 2008 |
Ploc! Uma rã pula
no silêncio da lagoa,
e o silêncio ondula.
| Oldegar Vieira Gravuras no vento, 1994 |
Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo.
| Olga Savary O livro dos hai-kais, 1987 |
Ah, o velho lago.
De repente a rã no ar
e o baque na água.
| Olga Savary Bashô, 1989 |
O velho tanque

Uma rã mergulha,
Barulho de água.
| Paulo Franchetti e Elza Doi Haikai, 1990 |
velha lagoa
o sapo salta
o som da água
| Paulo Leminski Matsuo Bashô: A Lágrima do Peixe, 1983 |
]
MALLARMÉ BASHÔ
um salto de sapo
jamais abolirá
o velho poço
| Paulo Leminski La vie en close, 1991 |
No tanque vetusto
um estalido na água:
o salto da rã!| Primo Vieira Bashô - Palhas de arroz, 1994 |
Plenitude
A água está parada.
Uma rã salta no musgo.
Olho. E mais nada.
| Raul Machado As Cinco Estações, 1993 |
velho tanque
a rã salta
som do baque n'água
| Regina Bostulim Armadilha de Polvos, 2003 |
O tanque rachado.
Um fio de água molha
a pata da rã.
| Roberto Saito Fúrias - Faíscas - O grande silêncio, 1992 |
O sapo mergulha:
N'água fria da lagoa
uma pedra parda.
| Ronaldo Bomfim Essências e medulas, 2000 |
Rã
Com seu pulo mole
mergulha... A água borbulha
e num gole a engole...
| Sebas Sundfeld Sínteses Poéticas, 2002 |
Um velho tanque:
salta uma rã
zás!esquichadelas.
| Sebastião Uchoa Leite, tradutor de Octavio Paz Signos em Rotação, 1971 |
O sapo pulou
no velho tanque vazio
e... espatifou-se.
| Sérgio Dal Maso Natureza - Berço do haicai (antologia), 1996 |
No velho tanque,
saltou uma rã. O bulício...
| Tei Okimura A poesia e os japoneses: o "haikai" in: Brasil e Japão, duas civilizações que se completam, 1934 |
Ruidosas crianças
Afugentam da lagoa
As rãs de Bashô.
| Teruko Oda Relógio de sol, 1994 |
No capim que cresce
A pequena rã mergulha
Tarde cinza-chumbo.
| Teruko Oda Haicai - A poesia do kigô, 1995 |
Um templo, um tanque musgoso;
Mudez, apenas cortada
Pelo ruído das rãs,
Saltando à água, mais nada...
| Wenceslau de Moraes Relance da alma japonesa, 1925 |
O sapo, num salto
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã
| Zemaria Pinto Fragmentos de Silêncio, 1996 |
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