
God
God is a concept by which we measure our pain
i´ll say it again
God is a concept by which we measure our pain
i don´t believe in magic
i don´t believe in i ching
i don´t believe in bible
i don´t believe in tarot
i don´t believe in hitler
i don´t believe in jesus
i don´t believe in kennedy
i don´t believe in budda
i don´t believe in mantra
i don´t believe in gita
i don´t believe in yoga
i don´t believe in Elvis
i don´t believe in Dylan
i don´t believe in Beatles
i just believe in me
and thats reality
(yoko and me)
A canção *“God”, de **John Lennon, lançada em 1970 no álbum *Plastic Ono Band, é uma das declarações mais diretas, radicais e íntimas da carreira solo do ex-Beatle. Ela representa o rompimento simbólico de Lennon com todas as formas de crença — religiosas, políticas, culturais e até musicais — que antes lhe davam identidade e segurança.
A seguir, uma análise detalhada:
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### 🧠 1. “God is a concept by which we measure our pain”
Logo na primeira linha, Lennon redefine Deus não como uma entidade, mas como *um conceito psicológico*.
Ao dizer que “Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor”, ele sugere que as pessoas criam deuses, religiões e crenças para lidar com o sofrimento humano, para dar sentido à dor e ao medo. Essa visão se aproxima do pensamento *existencialista* e de *Freud*, que via a religião como uma projeção das necessidades humanas.
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### ⚡ 2. A negação das crenças
Na sequência, Lennon lista uma série de figuras e sistemas de crença:
> “I don't believe in magic / I don't believe in I-Ching / I don't believe in Bible...”
Ele cita religiões (Bíblia, Jesus, Buda), tradições espirituais (I Ching, mantra, Gita, yoga), líderes políticos (Hitler, Kennedy, reis), ídolos culturais (Elvis, Zimmerman/Bob Dylan) e até os *Beatles*.
Essa enumeração é um gesto de *desconstrução*: ele recusa qualquer autoridade externa que o defina.
Cada “I don’t believe” é uma libertação, uma espécie de purificação.
Quando chega a “I don’t believe in Beatles”, o golpe é profundo — ele mata o mito que o próprio Lennon ajudou a criar.
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### 💞 3. “I just believe in me / Yoko and me”
Depois de negar tudo, Lennon afirma apenas o que é real e tangível para ele: *a própria existência e o amor por Yoko Ono*.
É uma declaração de *autonomia radical: a verdade não está fora, em sistemas de fé ou ídolos, mas **dentro da experiência pessoal* e da relação humana autêntica.
Nesse ponto, Lennon está profundamente influenciado pela *terapia primal de Arthur Janov*, que defendia o enfrentamento das dores e traumas sem máscaras ou ilusões.
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### 🌅 4. “The dream is over”
A frase se repete como um lamento e um renascimento.
O “sonho” pode ser entendido de várias formas:
* o *sonho dos Beatles*, o mito da juventude e da revolução cultural dos anos 60;
* o *sonho coletivo de uma salvação externa* — seja religiosa ou política;
* o *sonho da ilusão*, substituído pela consciência nua da realidade.
Ao dizer “I was the walrus / But now I'm John”, ele se desfaz do personagem psicodélico de I Am the Walrus e afirma: *agora sou apenas eu mesmo, sem máscaras*.
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### 🔥 5. Sentido geral e contexto
“God” foi escrita após um período de dor e reconstrução:
* A separação dos Beatles (1970);
* O envolvimento intenso com Yoko Ono;
* A terapia primal, na qual Lennon revivia traumas da infância e a perda da mãe.
A canção é, portanto, *um manifesto de renascimento pessoal* — Lennon se despindo de mitos, fama, religião e identidades coletivas, para tentar existir como um ser humano simples, vulnerável e verdadeiro.
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### 💬 6. Síntese interpretativa
> “God” é um grito de libertação espiritual e existencial.
> Lennon rompe com tudo que o condicionava — religião, política, cultura pop — para afirmar a soberania da experiência pessoal e do amor real.
> É a morte do mito e o nascimento do homem.
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